Um amigo que esqueci que tinha




Ali sentados em poltronas numa imensa sala monocromática estávamos nós...
 Como dois desconhecidos, como colegas que acabaram de se conhecer.

Olhou pra mim com aquele olhar de sempre (e que olhar), mas eu tentando não ficar para trás olhei de volta... de vez em quando eu buscava abrigo em outras direções olhando para a mesa, os livros ou o movimento dos teus pés. Mas você não! Fitava-me fixo.

Como está? Falei pra quebrar o gelo.
Bem.
E você?
Bem, também.
Não, não está! (Ele falou causando-me espanto)

Eu vejo você por dentro, sei o quanto estás ferido e mesmo sem o seu chamar resolvi vir.
Pois você precisa de mim! Quando não aguentamos sozinhos devemos pedir ajuda... Embora a sua boca não falou, o seu coração me chamou e eu estou aqui.

Sabe? Eu vi o seu choro nesta madrugada, vi que depois que conversastes com os teus amigos deitou a sua cabeça e se sentiu só, vi a lágrima que evidenciou sua tristeza.
Enfim... Eu vi você!
Eu sou Deus, venha aqui deixa eu te dar um abraço.

Logo corri ao seu encontro, me desmanchei em lágrimas, tudo ali era verdade e no meio daquele momento disse:

Me perdoe, nunca mais me afasto de ti meu pai.
Meu papai.



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